Os judeus Carl e Julia casaram-se em 1934.
Muito apaixonados um pelo outro, sempre faziam o possível para se agradarem.
Carl era um alto funcionário num conceituado banco alemão e Julia dona de casa incumbida do trato da casa e de orquestrar os empregados. Era muito atenciosa, educada, mas só sabia dar ordens.
Com o passar dos anos e a segunda guerra se aproximando, as coisas foram ficando ruins para eles.
Carl fora sendo rebaixado de cargo gradativamente e Julia passou em alguns anos de madame para empregada de sua própria mansão. Os dois se amavam e não se importavam com a situação. Eram felizes principalmente por estarem juntos e tinham fé de que aquilo tudo seria passageiro.
De tudo que Julia teve que aprender o pior foi cozinhar. Era péssima cozinheira, mas Carl reconhecia nela o esforço e se alegrava nas refeições apesar do gosto não ser lá essas coisas. Todos os pratos eram ruins, mas o pior era uma sopa de feijão que ela insistia em cozinhar toda quarta feira. Como um ritual, Carl, passava eu uma loja de pães todas as quartas, comia um pedaço de pão para que não lhe acabasse totalmente a fome e ia pra casa encarar a sopa.
Julia dizia: "Amor, fiz a sopa de que tanto gosta!"
Carl Respondia: "Está uma delícia!"
E assim era toda a quarta-feira.
Carl, apesar de rebaixado ainda possuía muitos amigos influentes e em meados de 38 teve uma informação privilegiada.
"Constrói em sua casa um abrigo, coloca lá todos os cobertores que puder, estoque também toda comida que lhe for possível, pois as coisas não serão boas para os judeus. Faça isso sem que ninguém, saiba.”
Sem maiores questionamentos Carl, tratou de construir um abrigo escondido embaixo da casa com uma estrutura modesta, mas possível de se passar muito tempo ali. Pediu à esposa que estocasse o máximo de comida possível e ela assim o fez.
Quando as coisas pioraram, eles conseguiram se esconder sem que ninguém os visse. E Carl abraçou a mulher e disse: "Minha Júlia, apesar de todas estas tribulações estamos juntos e assim ficaremos até que essa guerra se acabe."
Ela respondeu: "Sim meu amor, ficaremos juntos sim. Que bom que você pôde construir este abrigo e para te agradar estoquei toda a sopa de feijão que pude preparar, sei que dos pratos que eu faço esse é o seu preferido."
Moral da história:
"Com os defeitos das pessoas é assim mesmo. Se você não fala, o outro pode passar a vida inteira acreditando que está agradando quando não está."

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