Sinto-me dentro daquele submarino que afundou com um monte de gente dentro.
O Kursk.
Sem luz, sem água e com o ar por acabar... Escrevo porque é a única maneira de comunicação póstuma. Desejando que todos saibam que ainda existe amor dentro de mim apesar de estar aqui neste lugar inóspito, sofrendo, esperando uma solução. Esperando a condenação ou a absolvição. Passei muito tempo atrás desta máquina fria tentando mostrar o que eu tinha de melhor e agora não sei o que fazer, não tenho pra onde ir e nem com quem contar. Passei tanto tempo aqui que agora não sei mais como sair, não tenho mais como sair...
Gostaria de saber se você prestava atenção em mim ou se era apenas educado, se me via os se apenas usavas as lembranças pra ter um referencial... Penso que as suas lembranças não são um bom referencial, penso pode não ter adiantado de nada tudo que eu demonstrei, tudo que eu fui, tudo que eu fiz mas trago minha consciência tranquila quanto a isso tudo porque fui sincera em cada momento e tudo fiz com o coração, e, por isso de nada me arrependo. Faria tudo um milhão de vezes se me surgissem mais oportunidades.
Enxergo que a vida e um espelho de frente pro outro, mas nosso reflexo não nos olha, este está de costas pra nós olhando o reflexo à sua frente e assim por diante...
Eu sei todas as vezes que eu disse que te amava você entendeu de uma forma mais profunda e eu deixei que você entendesse assim porque essa forma é muito maior, mais pura e mais forte que qualquer amor mortal, superficial que possa existir. Esta maravilhosa forma de amar alguém abrange todo o amor da terra, é a essência de tudo, por isso, todas as vezes que você respondia que me amava também eu sei que você me amava mais que eu à você, consumida pelo meu egoísmo de não querer te dividir.

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