segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Eu me permiti

E nessa noite eu me permiti pensar em você. 
Permiti-me fechar os olhos e lembrar de cada detalhe seu, do seu cheiro, da sua cor. 
Permiti pensar nas cores preto e branca que são aquilo que se tornou tudo que nunca fomos e que não seremos um para o outro. 
Permiti parar o ritmo da minha vida de ficar inerte apenas flutuando entre lembranças e pensamentos que nunca aconteceram. 
Permiti-me entender que tudo isso não passa de um devaneio deliciosamente louco, saborosamente insano que poderia ser fruto de um consumo exacerbado da droga chamada amor. 
Amor, não é a palavra correta para determinar tudo que não seremos mas é uma palavra de grande força, que intimida, assusta e afasta. 
Permiti-me te olhar despido de caráter e de convenções, nu de qualquer mentira, qualquer palavra que não soou verdadeira. 
Pude perceber que mesmo nos momentos de maior fúria você apareceu dançando pra mim tal qual palhaço que tenta alegrar até mesmo a criança mais tímida. 
Pude perceber que não há o que possa ser retido, que a vida é como a areia fina que tentamos segurar. 
Pude perceber que nem todos os sapos são príncipes e que nem todos os palhaços são divertidos. Mas que você em meus pensamentos foi palhaço e príncipe ainda que um girino-infante. 
Pude perceber que você tem ainda uma vida inteira pela frente, tempo bastante pra olhar a vida de forma diferente se for o caso. 
Também me permiti me olhar, de dentro pra fora e perceber que mesmo não tenho o dom da beleza, tenho outros dons muito importantes o que me tira do status de coitadinha. 
Coitadinha nada, todos os dias o sol nasce da mesma forma para todos nós e cabe a nós decidir o que faremos com o tempo que nos foi dado. 
Eu escolhi ser poeta, eu escolhi contar histórias com luz, eu escolhi ver a felicidade das pessoas, mas todas as escolhas têm consequências, e a consequência das minhas escolhas  é sofrer. 
Ser feliz não é o dom do poeta. A dom do poeta e explicar o coração dos outros. Nem todos são capazes de explicar o que sentem, às vezes não são capazes nem de entender, então essa é a minha paga. 
Te olharei seguir em frente, até onde o horizonte me permitir, até onde eu me permitir. Mas com a certeza de que eu não perdi nada, apenas assumi o que me era de direito. 
E ainda que eu feche os olhos e ainda sinta o seu cheiro, ele me fará companhia como tantas outras lembranças que me ajudam a ser quem eu sou. O poeta que escreve com luz. 


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