quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Márcio João



Hoje meu coração tá sangrando, deixou essa terra fétida um cara que devia ter ficado ainda muitos e muitos anos, um garoto simples, com um sorriso sincero, um abraço caloroso e um dom singular. 
Parece exagero eu falar assim pois de verdade nos víamos muito pouco, mas nesses cerca de  catorze anos em que nos conhecíamos nunca fui recebida com algo menor que um sorriso. Não dá pra descrever a falta que tu vai fazer, cara. Seremos obrigado a seguir, mas com um buraco imenso no nosso coração. 
Parece lugar comum mas ainda assim vou digitar a música. 

Márcio João em uma das suas últimas apresentações. Foto feita por mim.
"Nem sei porque você se foi...
Tantas saudades eu senti!
E de tristeza vou vivendo
Aquele adeus não pude dar...
Você entrou na minha vida!
Viveu, morreu na minha história!
Chego a ter medo do futuro...
E da solidão que em minha porta bate...
E eu gostava tanto de você...
Gostava tanto de você! 

Eu sei que o som seria muito mais Rock and Roll mas Tim soube dizer exatamente o que eu estou sentindo agora. 
Sigo porque essa é a opção que resta mas eu sei que como eu muitas pessoas também estão se perguntando por que com você, Márcio? Por que agora? Os shows da Algoz nunca mais serão os mesmos sem você. 
Sem mais nesse momento, apenas os olhos ardendo, o coração doído e a saudade que vai ficar. 
Descanse querido, descanse. 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Suas Idéias Não Correspondem Aos Fatos

E o tempo segue andando na velocidade que decidiu andar, às vezes como um moinho lento e pesado, às vezes voando como um avião, ambos parte da mesma música que compõe a trilha sonora desse tempo. 
E o que pode tirar de experiência disso tudo é que a vida se repete, os erros se repetem, na verdade acabamos tropeçando sempre nos mesmo buracos.
Rostos sorridentes, roupas coloridas às vezes são apenas chamariz para os desavisados, no fim é tudo um monte de subterfúgios para obtenção de vantagens temporárias. 
Será que um dia será permitido ao ser humano a capacidade de enxergar o outro tal qual enxergamos a nós mesmos? 
Ou não, o contrário, porque por fim percebe-se que o se diz nada tem a ver com o que se sente ou se é. 
O erro não está em se querer, em o que querer, o erro esta em andar por cima de um muro imaginário, uma linha tênue entre a rejeição e a aceitação, mais um papel pega mosca para os desavisados ou os que optam embarcar, os que investem na ideia. 
A ideia... 
Melhor que qualquer ser humano ou personagem, é a ideia que fazemos, mas Stephen King já nos mostrou que o palhaço pode ser uma feia aranha. 
E voltando ao tempo... ele não pára, já dizia o poeta louco, então ainda que tenha tomado um bonito caixote, a onda não vai parar para que você se levante, e no meio do turbilhão de água salgada e areia é preciso se levantar. 
Não podemos exigir nem cobrar nada, assim como não nos cabe suprir a necessidade do outro, a vida segue como tem que seguir, mas de uma coisa pode-se ter certeza, o ser humano não perde quando se doa, perde quando troca a parceria pelo parceiro. 
Enfim... 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Eu me permiti

E nessa noite eu me permiti pensar em você. 
Permiti-me fechar os olhos e lembrar de cada detalhe seu, do seu cheiro, da sua cor. 
Permiti pensar nas cores preto e branca que são aquilo que se tornou tudo que nunca fomos e que não seremos um para o outro. 
Permiti parar o ritmo da minha vida de ficar inerte apenas flutuando entre lembranças e pensamentos que nunca aconteceram. 
Permiti-me entender que tudo isso não passa de um devaneio deliciosamente louco, saborosamente insano que poderia ser fruto de um consumo exacerbado da droga chamada amor. 
Amor, não é a palavra correta para determinar tudo que não seremos mas é uma palavra de grande força, que intimida, assusta e afasta. 
Permiti-me te olhar despido de caráter e de convenções, nu de qualquer mentira, qualquer palavra que não soou verdadeira. 
Pude perceber que mesmo nos momentos de maior fúria você apareceu dançando pra mim tal qual palhaço que tenta alegrar até mesmo a criança mais tímida. 
Pude perceber que não há o que possa ser retido, que a vida é como a areia fina que tentamos segurar. 
Pude perceber que nem todos os sapos são príncipes e que nem todos os palhaços são divertidos. Mas que você em meus pensamentos foi palhaço e príncipe ainda que um girino-infante. 
Pude perceber que você tem ainda uma vida inteira pela frente, tempo bastante pra olhar a vida de forma diferente se for o caso. 
Também me permiti me olhar, de dentro pra fora e perceber que mesmo não tenho o dom da beleza, tenho outros dons muito importantes o que me tira do status de coitadinha. 
Coitadinha nada, todos os dias o sol nasce da mesma forma para todos nós e cabe a nós decidir o que faremos com o tempo que nos foi dado. 
Eu escolhi ser poeta, eu escolhi contar histórias com luz, eu escolhi ver a felicidade das pessoas, mas todas as escolhas têm consequências, e a consequência das minhas escolhas  é sofrer. 
Ser feliz não é o dom do poeta. A dom do poeta e explicar o coração dos outros. Nem todos são capazes de explicar o que sentem, às vezes não são capazes nem de entender, então essa é a minha paga. 
Te olharei seguir em frente, até onde o horizonte me permitir, até onde eu me permitir. Mas com a certeza de que eu não perdi nada, apenas assumi o que me era de direito. 
E ainda que eu feche os olhos e ainda sinta o seu cheiro, ele me fará companhia como tantas outras lembranças que me ajudam a ser quem eu sou. O poeta que escreve com luz.