domingo, 16 de maio de 2010

Mais um "faz-parece"

Acordou cedo, tomou um banho demorado e, enquanto deixava que as últimas esperanças escorressem pelo ralo, pensava no que ia fazer a seguir.
Enxugou-se delicadamente logo em seguida vestiu-se com a roupa recem separada em cima da cama.
Pegou uma xícara de café e bebeu lentamente saboreando o líquido negro que a acompanhara tantas e tantas vezes.
Não se maquiou porque não tinha o hábito mas colocou seus brincos e o cordão.
Sentou no sofá da sala olhando para a bolsa em cima da mesa e as chaves do carro sobre a mesma.
São momentos decisivos, aqueles dos quais não se consegue fugir.
Dentro dela existe um misto de alegria, alívio pelo que seria capaz de viver dali por diente e profunda tristeza pelo que estava deixando pra traz.
As vezes a ilusão torna-se um hábito tão forte que quase parece verdade.
Então levantou-se numa puxada de fôlego só e se foi.
Saiu silênciosamente da vida dele como nunca tinha tido coragem antes. Não precisou ter coragem agora. Era o que deveria ser feito.
Pronto. Ponto. Acabou.